Acordámos um pouco moídos e ainda a habituar-nos ao ritmo destas andanças… Depois de inspeccionados os músculos e concluindo que tudo estava no sítio, mordemos qq coisita e lá nos fazermos ao caminho…
Hoje esperavam-nos “apenas” 20km de mochila às costas, já que íamos pernoitar em Laza.
Eram 08h15 quando saímos do albergue de Verín rumando ao Castelo de Monterrei.
Começámos logo com uma valente subidinha, em calçada antiga, feita na sombra fria de uma gloriosa manhã…
Este imponente castelo foi mandado erigir por D.Afonso Henriques!! Sim, o nosso primeiro rei na altura andou por aqui, mas como no Tratado de Tui, assinado em 1137, renunciou à posse da Galiza, acabou por o Castelo de Monterrei passar para mãos castelhanas…
Não obstante ter aqui existido em tempos um Hospital que atendia aos peregrinos, hoje em dia já só resta essa menção… E um parador lá perto, com muito boa pinta, mas que não servia os propósitos desta viagem…
Vamos avançando por entre as ruas, cercadas pelas muralhas do castelo, apreciando a arquitectura local…
Chegamos até à Praça de Monterrei onde se encontra o conjunto histórico composto pela Torre de Menagem, a Torre das Damas, o Paço dos Condes e a Igreja de Santa Maria Gracia (séc. XIII/ XIV)
As vistas a partir do castelo são magníficas… Vemos de onde viemos e para onde iremos…
E já que o Castelo só abre aos visitantes pelas 10h, tockandar que ainda temos muito para calcorrear… Uns passos abaixo e chegamos ao ponto onde o caminho diverge… Tanto se pode ir por Laza, como por Xinzo de Limia. Optamos pela via da direita… Laza, cá vamos nós que já só faltam 178, 198km para Santiago!!!
O trilho que se segue é muito verde e frondoso, levando-nos até à Igreja de Santa Maria de Mixós, séc.IX.
De Mixós até Retorta seguimos junto a uma estrada com belas panorâmicas, passando por Estevesiños e Vences…
Perto de Arcucelos, deixamos a estrada e vamos por um trilho no meio do bosque, que nos traz a desejada frescura ao caminho… São só 10h30, mas o calor começa a apertar…
Ao avistarmos o rio Tâmega, não resistimos a fazer aqui uma pausa para piquenicar ao som das suas límpidas águas… E claro, aproveita-se para chapinhar um bocadinho!!
Mais compostos, fazemo-nos novamente ao caminho seguindo por este magnífico vale, verde e florido, sempre com o rio por perto…
Sim, eu disse vale florido!! E já sabem como eu sou com as flores… É isso mesmo, sou tipo abelhinha… Não consigo deixar de parar para as cheirar!!!
Seguimos então a pacatez natural deste belo trilho vestido de Primavera que nos leva em direcção a Matama e ao seu cruzeiro.
Com paisagens assim, o caminho flui por nós de uma forma extraordinariamente integral, preenchendo-nos por completo de uma alegria, de uma magia inexplicável…
O trilho assume então outros contornos, deixando o verde bosque e começando a subir, lentamente, pelo meio da paisagem rosada da urze que contrasta, aqui e ali, com o amarelo do tojo, ou de algumas giestas…
Voltamos a cruzar o rio, mais à frente
E depois tomamos um estradão, cumprimentamos um belo cavalinho e apanhamos a estrada para Laza!!
Já em Laza, há que descobrir onde fica o Albergue… O burrico indica-nos com as suas orelhitas o caminho para a Protecção Civil e lá chegamos nós pelas 13h30 ao Albergue de Laza…
Devo dizer que este é um excelente albergue!! O dormitório está dividido em 4 quartos, com 8 camas cada um, o que dá uma maior privacidade. Os balneários (que têm tanque), a cozinha (bem equipada) e a sala de convívio estão afastadas da zona de dormir, promovendo o bom descanso dos peregrinos…
Aproveitamos o facto de chegarmos cedinho ao albergue para tomar uma bela banhoca, lavar roupinha e po-la a secar, descansar e depois ir até Laza, à procura de algo para comer… Laza é uma aldeia pequena e, sem ser no Carnaval (de grande tradição), está meio adormecida… Mas lá encontrámos um cafezinho onde nos serviram uns grandes bocadillos!! Sim, mesmo grandes!! Tão grandes que já nem foi preciso jantar e ficámos com comida para o pequeno-almoço do dia seguinte!!
De barriguinha cheia, houve que desmoer… E o que melhor fazer que andar de baloiços?!
Antes de recolhermos, fomos conhecendo os peregrinos que iam chegando… Ao contrário de Verín, hoje não dormiríamos sozinhos…
Havia um casal muito simpático de húngaros – Edit e Gyorgy, um casal de franceses que também dormiriam no nosso quarto, mais outro casal de franceses – mais velhotes, um casal de italianos (que tinhamo começado o caminho em Sevilha fazia hoje 1 mês) e depois apareceu um mocito alemão – Stephan e mais tarde, cantarolando com voz de cotovia, uma menina alemã de sorriso luminoso e olhar cintilante – a Judith. Chegaram também 3 espanhóis de bicicleta, compondo o grupo de peregrinos para esta noite…
Aproveitámos para nos deitarmos bem cedinho, já que amanhã espera-nos um longo dia!!
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