A proposta neste dia era ir da cidade ao campo, sendo a cidade - Torres Vedras e o campo - a região adjacente, cheia de bosques, fortes, vinhas e muita história e belos trilhos para palmilhar…
Nesta fria manhã os caminheiros foram aparecendo a conta-gotas… E lá fomos fazendo a festa cada vez que aparecia mais uma cara conhecida e com quem há muito não se caminhava… Às 09h começou o PR a “briefar” a malta sobre os locais por onde iríamos passar, bem como algumas curiosidades sobre esta caminhada…
Gps’s a postos, tockadar corda às botinhas e lá fomos avançando Parque da Várzea a fora, para espanto dos patos selvagens que nos viam passar…
Depois de cruzar a via-rápida, rapidamente nos encontramos nos verdes e floridos campos, deixando para trás a cidade…
Ao longe, no meio das vinhas e por trás das eólicas, a Serra do Socorro observava-nos silenciosa, no meio da bruma matinal…
À medida que íamos subindo, as camisolas íamos despindo… Um calor bom envolvia-nos… E entre vinhas e flores, lá íamos calcorreando os trilhos e sorrindo à vida, de forma cúmplice…
E no topo da subida encontramos o Moinho da Parafuja, onde parámos, sem fugir, para reagrupar…
As flores espreguiçavam as suas pétalas, felizes por um dia sem chuva… E se um (des)conhecido te oferecer flores isso não é um impulso… É o romance da Primavera que anda no ar!!!
Lá fomos descendo, pelos degraus cravados pelo PR (mérito à organização deste grupo, que em mais lado algum se vê!!).
Avançamos por um carreirinho, de onde observamos o Vale do Repelão, preso entre o verde e o azul…
E no meio do verde, surgiam pontos de cor… Flores de trevo e avincas…
E no meio das nossas faces surgiam os sorrisos de quem, feliz, caminhava na natureza…
Subindo e descendo pelo Vale da Ribeira de Pedrulhos, dirigimo-nos ao Castro do Zambujal, povoado do Calcolítico, com origens em 3000 a.C., onde fazemos uma breve pausa, no meio das flores, para merendar…
Já com energias repostas, regressamos ao caminho, que agora se faz de forma muito tranquila, pelo meio da vegetação mediterrânica que nos leva até um dos vários Fortes das Linhas de Torres, onde aproveitamos para ver as vistas…
E para a foto de grupo…
Ao descermos do Forte, deposito o olhar sobre a natureza… As belas paisagens floridas, um cavalinho branco… E um sapo… Ou dois!!
E é no meio desta idílica paisagem que chegamos a Varatojo… E ao seu Convento. Este magnífico local foi mandado construir por D. Afonso V, o Africano, que em 1470 aqui terá lançado a primeira pedra. É um convento habitado por um pequeno grupo de Frades da Ordem Franciscana. Foi um desses frades que nos recebeu na Igreja Conventual, cuja Capela-Mor data do séc. XVI.
Com as paredes revestidas por belíssimos azulejos do séc. XVIII, em que várias histórias são contadas, como o sermão de Stº António aos peixes; ou do jovem que após ter dado um pontapé na mãe, arrependido corta o seu pé que Stº António terá consertado; ou o tempo das heresias em que Stº António terá dado a hóstia à mula ajoelhada à sua frente; ou a comida que lhe tinham envenenado e que ele, após a ter abençoado, comeu sem lhe fazer mal… Entre outras várias histórias…
Depois de o Frei nos ter explicado a história do Convento, dos seus azulejos e capela-mor, foi altura de visitarmos os claustros, com uma antiga glicínia trepadora… Visitámos ainda a Sala do Capítulo, onde estão expostos retratos de vários frades de importância no convento e cujo pormenor da cruz templária na fechadura não deixa de chamar a atenção…
Também o tecto dos claustros chama a atenção, com representações de um engenho com rodas dentadas. E é do mesmo modo notório o fabuloso portal manuelino, com trabalhado riquíssimo, pleno de florões no seu arco polilobado.
Deixamos para trás o Convento do Varatojo, não sem antes, alguns de nós termos feito um donativo, em agradecimento do livro que o frei entregou ao grupo, bem como das informações por ele facultadas. E regressamos aos verdes campos, às vinhas e ao bosque que, com espírito de entreajuda atravessamos, para regressar de novo à cidade…
Uma vez mais foi um belíssimo passeio Mariola, pleno de história e estórias, organizado de forma excepcional, como é sempre de esperar com este grupo.
É formidável a atenção aos detalhes, como os degraus que são previamente escavados pelo PR para facilitar a passagem dos caminheiros, ou ao estudo prévio do percurso para conhecer os pormenores mais interessantes e transmiti-los ao grupo.
Mas o melhor de tudo é a simpatia de quem nos recebe na sua terra e no-la mostra, com o orgulho natural de quem é torreense e a simpatia revelada num sorriso sincero estampado no rosto.
Vivam os Mariolas!! Viva esse espírito de fazer boas caminhadas por excelentes percursos, com alegria e boa-disposição.
Venham mais caminhadas assim… E tockandar!!!
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