Acordámos cedinho para tomar um bom pequeno almoço irlandês, pois então!!!
Se o dia anterior, na Irlanda do Norte tinha sido em cheio, este também prometia ser um grande dia!! Hoje iríamos visitar o templo (ou túmulo) de Newgrange, também conhecido por Brú na Bóinne (palácio do Boyne) que ficava à beira do Rio Boyne, a 2 minutinhos do local onde ficámos alojados.
Uma vez lá, conseguimos fazer uma das primeiras visitas do dia, não sem antes vermos a exposição sobre a construção deste templo, usos e costumes da época e interligação cronológica com outras grandes obras da nossa era… É que o templo de Newgrange, ou o Palácio do Boyne foi construído em 5000 a.C., ou seja, mais de 500 anos antes das pirâmides!!
Cruzámos o rio para o outro lado e apanhámos o autocarro, que já nos esperava…
Tivemos sorte… Muita sorte!! Como fomos cedinho, o grupo era pequeno. Éramos nós, uns espanholitos e uns moços da ex-Jugoslávia. A nossa guia fez as apresentações ao local e para lá avançámos então…
Estávamos todos bastante excitados por podermos entrar num edifício construído antes das pirâmides… A entrada estreita e a janela por cima fazem parte de uma arquitectura muito elaborada para a altura em que o templo foi construído…
As pedras ornamentais ostentam a espiral tripla, bem como alguns losangos… Há várias interpretações para estes símbolos, tais como a trindade “Pai, Filho, Espírito Santo” adoptada pelos cristãos, muitos séculos depois, ou a trindade “Pai, Mãe, Filho”, ou ainda a trindade “Viver, Morrer, (re)Nascer”…
Dentro do templo não é possível tirarmos fotos… Lá dentro, após um corredor estreitinho de alguns metros de comprimento, encontra-se uma câmara com 3 recantos, 1 em frente, outro de cada lado; é como se formasse uma cruz. Nesses recantos existem ainda uma espécie de bacias… Esta câmara é encimada por uma cúpula toda feita de lajes pesadíssimas de pedra, perfeitamente ajustadas, de forma a que a água das chuvas não entre. Existem mesmo canais, para que essa água escorra e está provado que dentro daquele lugar nunca choveu. Nada mau para uma construção de há 5000 anos… Os nossos construtores teriam uma coisinha ou outra a aprender, não?
Uma outra característica deste templo é a sua ligação ao Sol… Este templo foi perfeitamente alinhado de modo a que quando o sol nasce no dia do solstício de Inverno, a luz entre pela janelinha por cima da porta, chamada de “caixa de luz”, iluminando por completo o corredor e a câmara interior, que permanecem em perfeita escuridão durante o resto do ano.
Quando entramos, passamos num corredor muito estreitinho, com lajes de pedras onde se encontram mais símbolos gravados; esse corredor vai subindo ligeiramente e quando chegamos ao interior, estamos à altura da “caixa de luz”. O sol ilumina o corredor e toda a câmara do templo no dia do solstício de Inverno. E neste dia, 19 dias antes do mesmo, pudemos ver a claridade que já iluminava o interior do templo… É algo de mágico…
Falam-se de cerimónias… Diz-se que o templo serviu de túmulo, já que encontraram os restos mortais de 5 pessoas no seu interior… Diz-se também que no solstício de Inverno era como que uma oportunidade para as pessoas se encontrarem, através da luz com os espíritos dos seus antepassados… Diz-se… Fala-se… Mas ao certo, ninguém sabe… Certo, certo, é que ao sair de lá, trazemos todos um sorriso estampado nas faces…
Há uma energia muito interessante neste local… Uma paz que aqui se reencontra… Como disse antes, é algo de mágico… E a magia não se explica… Sente-se! Sente-se nas pedras que adornam todo o local… Sente-se no ar frio que nos toca as faces… Sente-se na água escura do rio…
Passa por nós e transforma-se em sorrisos… Genuínos, sinceros, alegres… Pedacinhos de felicidade gritados ao vento…
Mas como tudo o que é bom termina, também esta visita terminou… Observamos os autocarros que trazem os visitantes seguintes… A nossa entusiasta guia faz questão de se despedir pessoalmente de nós… E seguimos o nosso rumo, deixando para trás os autocolantes com a hora da nossa visita… Forma prática de identificar os visitantes…
Depois… Bom, depois é hora de comer qualquer coisita… Chocolatinhos quentes, sandes e scones para todos!!! Tockacomer!!!
De barriguinhas refasteladas, tockandar que já vão sendo horas… Vamos para sul, para Glendaloch – o Vale dos Lagos, mas antes uma pequena paragem nas montanhas de Wicklow, com vista para o Sugar Loaf Mountain…
Mas está muito frio… Quase que neva e dizemos adeus a este belíssimo local…
Equipando-nos pelo caminho – há que vestir os impermeáveis, até Glendaloch…
Chegámos… Chovisca, como de costume por estas paragens, mas estamos bem equipados… E lá vamos nós apreciar este vale encantado, cruzando o rio de Poulanass
Para visitarmos a antiga igreja de S.Kevin, bem como a torre redonda e o cemitério cheio de cruzes celtas…
Seguimos o nosso caminho, pelos trilhos bem marcados de Glendaloch. Existem 10 à escolha, com distâncias entre 1 e 15km, de dificuldade maior ou menor, cada um com a sua cor…
Aproveitando o azevinho para um beijinho, com carinho…
Parando “à sombra” de uma bela árvore…
E subindo depois para a cascata de Poularnass
E daí seguindo o trilho que nos leva através de umas escadinhas até ao topo do monte…
Subimos, subimos… E subimos mais um pouco… Mas ao chegarmos lá acima, a vista compensa-nos…
Custou, mas foi!!! E os sorrisos de vitória surgem-nos, estampados no rosto!!
É então altura de avaliar as condições e o tempo de luz que nos resta… Concluímos pois que devemos regressar… Começámos já tarde a caminhada e a noite começa a cair, apesar de serem só 3 da tarde… Iniciamos assim a descida…
No meio de tantos degraus, ouve-se a voz da Tia Cacá contando “1, 2… 1, 2… 1, 2, 3, 4… 1, 2…” e pouco depois outra voz, da “SexyScone”, contesta “Boooooring!!!” E, no meio da densa, escura floresta, soltam-se gargalhadas… E contamos todos em côro os degraus “1, 2… 1, 2…”
Chega depois a altura do espalho fenomenal, só para não saltar para a lama… Hehehe!!! Não se preocupem, estava tão ensanduichada em roupa, que não me magoei… Nem houve fotos para recordar o momento… Só gargalhadas, mesmo!!!
Descemos até ao Lago, o Upper Lake, para nas suas margens, por entre a chuva, tirarmos uma foto…
E eis que a fome começa a apertar… De caminho, puxamos da merenda… Vivam os scones irlandeses comprados em Newgrange, que nos acalmam o apetite!!!
Quem também ficou contente foram os patinhos que àquela hora já não contavam com aquelas migalhinhas de scones… Devem-lhes ter sabido a pato!! Aham…
Deixámos então Glendaloch para trás e rumámos à Quince Cottage, o B&B que nos iria albergar nas 2 próximas noites… Quando chegámos, Brendan esperava-nos com chá e scones, num ambiente extremamente acolhedor e confortável que nos soube lindamente!!
Refrescados e de banhinho tomado, era agora hora de irmos jantar ao Pub mais elevado da Irlanda, o famoso Johnnie Fox’s Pub
E a sua Hooley Night – um jantarinho com música ao vivo e espectáculo de danças celtas que, como não podia deixar de ser foi bem regado a Guiness!!!
Por entre mexilhões de “chuchar” nos dedos…
Mahi-Mahi Diablo, Arrozinho Picante e Salmão com frutos do mar, lá conseguimos dar conta do recado e esvaziar os pratos da deliciosa comida!!
Veio depois a música…
E logo depois, vieram as danças…
E a boa disposição continuou a reinar à mesa!!
Quando saímos, já noite bem cerrada, houve ainda tempo para a foto de praxe, com a fachada do Pub por trás!!
Que grande noite!!! Que grande dia!!!
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