domingo, 5 de maio de 2013

Tockandar pra Santiago – 4ª Etapa: De Xunqueira de Ambía a Ourense

Depois da etapa durinha da véspera, a etapa de hoje era mais curta, por isso optámos por dormir mais uma horinha…

Com 24km pela frente, praticamente todos em asfalto e tendencialmente a descer, esperava-se uma etapa relativamente simples… Contudo, devido à lesão do Ricardo, a coisa não foi tão célere quanto se poderia esperar… Ainda assim, chegámos ao fim… Digamos que esta foi a etapa menos agradável de todo o caminho.

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Deixámos o Albergue pelas 08h00, levando connosco a mensagem que estava num poster connosco Peregrino é todo aquele que tem um espírito livre, um equipamento ligeiro, uma alma solidária… e segue espontaneamente o caminho dos seus sonhos

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Pouco depois, passávamos em Xunqueira de Ambía, frente à colegiada. Uma igreja românica (séc. XII) que serve de centro espiritual, de origem medieval, regido por cónegos regulares da Regra de Santo Agostinho. Uma vez mais, devido à hora, não pudemos visitar a igreja, mas ficam as fotos do local onde, em tempos, terá havido um hospital de peregrinos, com capacidade para 100 pessoas.

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O trilho começa num carreirinho muito bonito, cruza um rio, autêntico espelho de água, que libertava uma pequena névoa da sua plácida superfície, conferindo-lhe um ar místico, mas sereno…

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Prosseguimos assim, pelo carreirinho nos primeiros 5,5km, até chegarmos a Chouzana.

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E a partir daqui o caminho entra na estrada nacional… Sem grandes motivos de interesse, que não sejam o cruzar da linha férrea, ou o ninho das cegonhas que nos puxa o olhar para cima…

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Passamos Ousende, Pereiras e entramos na zona industrial… Um horror de paisagem… E o calor a apertar… Salvou-nos um cafezinho aberto em Reboredo, onde aproveitamos para almoçar e por gelo no pé… São 12h30 e já só faltam 8,5km para Ourense…

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Voltamos a cruzar a linha férrea e entramos em Seixalbo, uma pitoresca aldeia, à entrada de Ourense.

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Com Ourense à vista, os ânimos avivam-se e o ritmo aligeira-se um pouco… Mas já em Ourense, é uma decepção!! Sim, uma decepção!! E porquê?! Porque os senhores que marcaram o caminho, em vez de nos mandarem para o centro histórico, enviam-nos através de uma avenida sem quaisquer motivos de interesse, que não uma ou outra banca de polvo ali na beira do passeio!! Dentes São 3km dentro da cidade, pelo interminável asfalto, sem dó nem piedade!! Furioso Mas a vista do rio até nos provocou um calafrio!!! Surpreendido Oba, oba!! Devemos estar quase a chegar!!! Sorriso

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Eram perto das 15h quando descobrimos finalmente a Hostal La Rotonda, onde iríamos ficar alojados. E eis que depois de uma curva, sentada na esplanada, muito refasteladinha, a ler o seu jornal, com um ar todo fresquinho, estava a nossa amiga Graça!!! Tenho pena de não ter tirado uma foto à expressão dela quando nos viu!! Hihihihihi!!! Estávamos exaustos!! Apesar de relativamente curta, tinha sido uma etapa (literalmente) suada!!!

Bom, foi tempo de pousar as mochilas, tomar uma banhoca bem boa, lavar a roupita (sim, o ritual mantinha-se!!) e estendê-la num estendal improvisado na janela do hotel!! E depois, então, foi hora de beber algo bem geladinho na esplanada… Já recompostos, o Ricardo foi descansar com o seu saquinho de gelo e eu fui para o laréu com a Graça, dar uma volta em Ourense onde havia a Festa dos Maios.

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Aqui celebra-se ainda o ritual celta da aparição das primeiras flores primaveris. São construídos Maios – estruturas feitas a partir de verduras (giestas e ramos de árvores) e enfeitados com flores (giestas brancas, amarelas, urzes) e bogalhos de árvores. Há maios que representam ainda cenas da vida rural, ou religiosa, ou aspectos culturais da região. Fiquei ainda a saber que na zona de Trás-os-Montes também haveria um costume semelhante, mas não tão celebrado como aqui na Galiza. E que as giestas amarelas são conhecidas por maias na zona Brigantina, por serem as flores de Maio.

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Maios à parte, lá fomos explorar Ourense e o seu Centro Histórico… E eu pergunto: “Porquê?! Mas porque motivo é que o caminho de Santiago não remete os peregrinos para o centro histórico?!” É aqui que está o interesse… Que estão as igrejas, os pátios, as feiras, a catedral, as portas com vieiras e as magníficas vistas… Não percebi porquê! Mas fiquei feliz por ter descoberto estas maravilhas dentro da cidade.

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Aproveitámos a volta para irmos até ao Albergue de Ourense, buscar a carimbadela oficial.

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E depois fomos até junto do Rio Minho relaxar um bocadinho, perto da ponte romana… Foi um bom fim de tarde, este…

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Voltámos ao hotel, onde o Ricardo já estava com uma carinha laroca, prontinho para a festa… Desde que a festa fosse ali pertinho!! Lá fomos jantar a um restaurantezito, ali ao lado do hotel… E o ponto alto da refeição nem foi a carne assada (que estava muito boa), ou o vinho do ribeiro (aprovado pela nossa enóloga), mas antes a bela sobremesa que o Ricardo e a Graça escolheram… Um geladinho “almendrado, mas sin almendras”!! Quando o senhor vai à arca dos gelados, tira 2 “rajás” e coloca-os num pires, foi a gargalhada geral!!!

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E foi com esta boa disposição que lá fomos dormir… No dia seguinte a etapa iria ser curta, mas a subir!!

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