Regressados de 2 dias muito bem passados nos Montes Hermínios, vulgo Serra da Estrela, fica um balanço extremamente positivo.
A Serra, de Verão recomenda-se e muito!
Desta vez o S.Pedro esteve bem disposto e enviou-nos um solinho maravilhoso e uma visibilidade fabulosa, que nos permitiu aproveitar ao máximo a Serra.
Ficámos desta feita na Estalagem Varanda de Carqueijais, num quartinho muito giro com uma vista deslumbrante para o vale que dá para a Covilhã. Víamos a Serra da Gardunha e um pouco da Serra da Malcata, e Espanha lá ao fundo...
Devo dizer que não levávamos grandes expectativas, mas a estalagem surpreendeu-nos pela positiva. É óbvio que no restaurante ainda há alguns pormenores a limar, alguns funcionários a relaxar mais, mas no global vale a pena visitar a Estalagem. A decoração foi renovada, tem algumas peças de design; o bar é acolhedor e a esplanada tem uma vista tremenda. A piscina pareceu prometedora, mas não chegámos a usufruir... Falta de tempo...
Sim, porque passámos o tempo a descobrir a serra, com a ajuda do Manuel Franco - que está à frente do departamento de animação da Turistrela, e é um guia formidável.
Dia 20, de manhã, fizemos o Passeio das Lagoas, graças ao GPS do Manuel.
Quando finalmente chegámos à Torre, foi só buscar água para voltar a descer, desta feita até ao Cântaro Magro, ao qual ascendemos, com muita pinta!!!
Vale mesmo a pena!
Ao subir, encontramos o rosto de um índio desenhado na pedra, que nos contempla, com o seu ar sábio, guardando o caminho...
A ascensão não é tão difícil quanto parece, mas recomendo vivamente um guia, porque o trilho apesar de ser intuitivo não está marcado e o piso é um bocadinho assim pró aventureco!!
Quando se lá chega acima e se avista tudo em redor, a Torre, o Covão da Ametade, o Vale do Zêzere, os outros Cântaros à volta, sentimos mesmo que vale a pena...
E depois a subida, novamente para a Torre...
Sim, de manhã fizémos uma pequena parte do passeio Vale e Cântaros, que parte do Covão da Ametade e sobe até à Lagoa dos Cântaros, onde vimos um javali!!
E daí subimos um pouco mais para ver o Vale da Candieira e depois regressar pelos antigos trilhos dos pastores, cavados na rocha.
...até ao Poço do Inferno
...e daí para Manteigas,
...ver o viveiro das Trutas...
...de Manteigas, subimos às Penhas Douradas...
...e depois descemos até Seia, onde fomos ao Museu do Pão!
Ora aí está mais uma boa surpresa!
E o melhor mesmo é, para quem consiga, visitá-lo no final do dia!
É que não há confusões nenhumas e temos as exposições todas só pra nós!
Primeiro entramos no mundo fantástico do Pão, com maquetes e bonecos bem coloridos, que demonstram a miúdos e graúdos todas as etapas de fabrico do pão. O que é pena é que só os miúdos é que podem meter mãos à massa... Uma maneira de os manter ocupados enquanto os pais visitam o resto do museu...
Têm depois uma exposição mais didática, mas nem por isso menos interessante, onde se encontraram algumas pérolas, e só me vinha à cabeça aquela música "De manhã eu bou ó pom!" dos Trabalhadores do Comércio (http://www.youtube.com/watch?v=rlJIhOHNL4g)
Têm também uma exposição que revela a importância do pão de um ponto de vista social, político e religioso, bem como algumas estórias da história em volta do pão, com bastantes sátiras políticas do Rafael Bordalo Pinheiro e do seu Zé Povinho!
Para quem lá pretenda jantar ou almoçar, o restaurante não é mauzinho! Funciona com um buffet de entradas e sobremesas, pelo que convém reservar mesa para cedo. A comida é boa, apesar de o javali já ter chegado um pouco frio à mesa, o robalinho grelhado que o antecedera estava muito bom! Só teve um senão... muito tempo à espera da conta e o restaurante nem meio estava... Imagino como será quando estiver completamente cheio...
Mas saímos de lá satisfeitos e regressámos com a sensação de missão cumprida.
Desta vez a serra deixou-se ver e é linda!
é com um prazer enorme que vejo que a Serra também vos marcou. parabéns pela reportagem que poderá servir para que mais alguns fiquem com o bichinho (que nos roi cá dentro) e venham descobrir a Serra da Estrela em toda a sua plenitude e imensidão.
ResponderEliminarjá agora e porque isto da Serra já foi marcando muitos ao longo do tempo deixo-vos um peuqueno excerto de um texto de Miguel Torga:
Miguel Torga, pseudónimo do médico Adolfo Rocha.
12 de Agosto de 1907 / 17 de Janeiro 1995
Serra da Estrela
"Alta, Imensa, Enigmática,
A sua presença física é logo uma obsessão
Mas junta-se à perturbante realidade, uma certeza mais viva: a de todas as verdades locais emanarem dela.
Há rios na Beira? Descem da Estrela
Há queijo na Beira? Faz-se na Estrela
Há roupa na Beira? Tece-se na Estrela
Há vento na Beira? Sopra-o a Estrela
Tudo se cria nela,
Tudo mergulha as raízes no seu largo e eterno seio.
Há energia eléctrica na Beira ? Gera-se na Estrela.
Tudo se cria nela, tudo mergulha as raizes no seu largo e materno seio.
Ela comanda, bafeja, castiga e redime.
Ao contrário de outras serras, o Marão e o Caldeirão;
a Estrela não divide: concentra.
( … ). Se alguma coisa de verdadeiramente sério e monumental possui a Beira, é justamente a serra.
( … ) Há nela as três velhas dimensões necessárias a um tamanho: comprimento, largura e altura. ( … )
Somente a quem a passeia, a quem a namora duma paixão presente e esforçada, abre o coração e os tesouros. Então, numa generosidade milionária, mostra tudo. ( … )
Revela, sobretudo, recantos quase secretos de mulher."
Miguel Torga / A Beira in Portugal